Deixa-me enrolar a onda numa mortalha de um cigarro. Mas eu não fumo, nunca fumei sal ou praia, mas creio-me onda, e isco para peixe, ou espuma para areia, em cada onda que rebenta, nos pés que se afundam, na ponta escura da praia, onde as gaivotas se escondem para namorar com as dunas. Enche-me a vista com um copo do creme solar que nos lambe. Tenho tanta sede que cego, na superficie do teu corpo, como se pisasse um deserto de pele, ou construisse um jardim de sufoco. Que falta de ar sedenta, que nem a água extingue, nem o oxigénio incendeia. Põe-me à sombra senão morro, ou melhor,põem ao sol para que volte a nascer do fogo porque as cinzas já as depositei no mar, e esse... fumei-o no meu cigarro.
Se minhas mãos fossem uma caneta, jamais secariam.