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Showing posts from 2006

Saudades

A dor da saudade Contem inumeras palavras nos espaços entre as letras. As que não pronuncio escorregam no esquecimento daquelas que sinto na pele. E que são ditas para preencherem o vaziodos conceitos inoquos, Verbalizados na torrente dos sentidos despertos pela ausência da certeza. A saudade é o fim Da visualização permamente Do obejcto querido. E o começo da fuga para os lugares escuros da sombra do horizonte.

Consciência de Ser

Sei hoje que o longe pouco ou nada me importa, ou se o lado de lá da porta se esconde ou se foge. Sei hoje que fui convidado por carta registrada, sem ser dado ou achado Para o caminho que é estrada. Sei hoje tão bem que nasci sem o saber e que o nascer também requer querer viver.

Flor de cheiro

Por tanto te querer encontrar comprei o cheiro de uma flor embrulhado em quatro bicos pronto a circular ao vento em todo o que é lugar. Se o vires a voar rentinho ao chão sopra-lhe para as asas dá-lhe um empurrão, mas nunca deixes a corrente levá-lo para fora de mão. Quando ele quiser pousar estende-lhe os cabelos e a pele da tua mão, deixa-o aterrar e parar quando terra avistar.

Jogo

Sentado à direita, joga-se a perfeição na minha mão virada para mim. Se dependesse de mim jogaria todos os trunfos e as mangas da camisa que trago vestida. Sentado à esquerda joga-se fé na glória como se ela nascesse em cada jogada. Se dependesse de mim faria renuncia à vitória e fazia da derrota a minha virtude.

Batidas

Como um passáro que voa à procura de uns braços macios que tornem o inverno um pouco diferente dos verãos de areia fina, bates asas de punho cerrado, erguido à minha face. Quando me bates gritas "A maior mentira não é a morte ou a certeza da vida, é a dor do amor".

Revelação

Sou a voz do amanhã Porque hoje estou mudo. Tenho o andar dos dias e os pés atados. Sou a certeza de hoje, e a cruz da verdade. Creio no peso das nuvens e na cor das rosas. Sou a revelação De mais um crescer, Antes do nascer Mesmo depois do querer. Sou a sombra de mais um, De outro e mais algum. Ando aos ombros de tudos e de mao dada com nenhum. Sou a palavra e o verbo da boca do maldito Sou o número e a soma do hoje mais amanhã.

Entrada

Entra... Não faças barulho, posso acordar Entra... Sem eu dar conta Entra... E deita-te ao meu lado Entra... E olha-me como nunca Entra... Beija-me suavemente Entra... No sonho que sonho Entra... Não te vais arrepender Entra... E... ...fecha a porta.

Sapatos

Ontem mandei meus sapatos Ao mar... Para ver se nele conseguia Andar... Mas qual foi a certeza Ao ver... Que sem eles eu me Afogava...