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Cigarro ao Sol

Deixa-me enrolar a onda
numa mortalha de um cigarro.
Mas eu não fumo,
nunca fumei sal ou praia,
mas creio-me onda,
e isco para peixe,
ou espuma para areia,
em cada onda que rebenta,
nos pés que se afundam,
na ponta escura da praia,
onde as gaivotas se escondem
para namorar com as dunas.

Enche-me a vista com um copo
do creme solar que nos lambe.
Tenho tanta sede que cego,
na superficie do teu corpo,
como se pisasse um deserto de pele,
ou construisse um jardim de sufoco.
Que falta de ar sedenta,
que nem a água extingue,
nem o oxigénio incendeia.
Põe-me à sombra senão morro,
ou melhor,põem ao sol para que
volte a nascer do fogo
porque as cinzas já as depositei
no mar, e esse...
fumei-o no meu cigarro.

Comments

Anonymous said…
Pudessem as palavras espraiar a espuma que a mente, neste vaivém de pensar-se no ser e no não ser de tudo, condicionam a própria condição humana...

Necessitamos assistir dentro de nós ao nascimento de uma humanidade que nos supere, algo ou alguma coisa que nos obrigue a evitar que outro ser vivo seja maltratado, mesmo que entre ele e nós existam milhões de galáxias de permeio...

Parabéns Amigo, continue a escrever... A sua escrita além de bela, revela uma profundidade pouco comum...

Barão de Campos

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