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Mão Vermelha

A minha visão do amanhã
é um final de almoço,
sobras de pele e osso,
e algum alcoól ébrio...

É agora a mão esquerda
Que me apoia a cabeça...
No final da digestão
Compulsiva das ideias
Dos pratos vazios.

É como se a mão direita
fosse um parceiro abstracto
desconhecido de mim,
ou algo que se separa
com um golpe de foice,

Qual seara já seca,
trigo mal amanhado,
ou feno partido ao vento
num campo deserto,
entregue à rapinagem.

O meu amanhã....
é feito de bolsos desfraldados
Punhos embandeirados,
Vermelhos de cobiça,
Das liberdades que foram para o lixo.

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Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Um tronco da árvore Genealogica

Hoje fazes parte na minha genealogia, E daquilo que construímos por entre inundações, Prego tortos nas paredes e cimento que se perdia na humidade pungente. Nasceste virado para oeste do paraíso, Trazido por costas unilaterais, sozinhas na mistura das horas, Que em cada minuto anunciavam que irias crescer antes do tempo da gestação. Pensei para mim, que flor se criará em solo tão árido, Em semente tão pouco amada quando deitada no punhado, De terra que nos serve de morada na hora da solene criação? Podias ter sido cardo, erva ou giesta brava, Tal era a dureza da enxada que te vergava o sorriso, E que te impedia de perceber que eras mais que nada, eras amor. E hoje que és mais que flor, uma árvore, Que abrigas há sombras dos sobressaltos, antepassados e recentes transeuntes, Sei que as tuas raízes se abraçam na certeza, de que o melhor dos ventos te soprou. O teu fruto merece que sorrias, Como quando ainda em caroço te adormecia, Ao som da voz que me falta, sempre que nos toca...

Azul Sincero

Glória aos dias de azul sincero. Daquele azul tão profundo que não nos mente Suspenso em pilares de verdade Onde mesmo as nuvens pinceladas Trazem vestido manto transparente Desnudando-lhe os ossos um por um. Glória a ti, azul simultâneo.