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O livro de ti

És um livro que ainda
Não acabei de ler.

Leio por dia,
A mesma página cinco vezes
Cada frase outras dez
e releio as palavras até
quase as apagar,

Misturo singulares e plurais,
verbos e nossos nomes,
para me enganar, para demorar,
reler e revisitar
cada silába acentuada.

Fosse eu incapaz de decifrar
Cada vocábulo impresso,
ser estrangeira a língua,
ou eu pensar que é.

Finjo para mim,
Para não lhe pegar
porque se o acabar,
o que restará de ti?

Sei o que fazer.
Mil copias farei,
títulos novos darei,
e novamente o mesmo livro lerei.

Comments

gisela said…
este poema tranparece-me alguem que nao quer admitir um fim, se chegar ao fim do livro tudo acaba, por isso relembra recordaçoes

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Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Quando morrem?

mata-se.. A sede bebendo. A fome comendo. A ignorância vivendo. A vida temendo. O amor querendo. A solidão existindo. um Homem isolando. A fé desligando. E as palavras quando morrem?

Pátria

O que nos une são apenas linhas, e uma língua que não morre, neste povo mais velho que a terra, Que Existe vai para além de Deus. O que nos une, não encontra definição, saudoso vai e vem das marés distantes. letargia de acreditar sem saber o porquê, ou remota crença de olhar e ver no nevoeiro. Aquela, esta pátria ainda não o é, está à espera de o ser, no ventre da mãe, mordendo a memória das palavras alimentando-se de páginas navegadas de pó. Não viveremos as horas suficientes de uma vida para ver arrancadas do peito as balas disparada contras os pés que conscientemente se alojaram na ideia de nação.