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Quando nasci...

no dia em que nasci,
já se tinha anunciado a Primaveira,
em plenos pulmões de Abril
por entre flores e espingardas,
e abraçados exilados de casa.

no dia em que nasci,
era o quarto dia de Abril,
o dia em que a canção
maquilhada em pó de arroz,
pressentia um silêncio póstumo.

No dia em que eu nasci,
no ano anterior a isso,
quebrara-se o elo do amor,
por entre atmosferas digitais,
de almas mortas em desordem.

No dia em que eu nasci
certamente nesse e noutros dias,
a glória passeou-se em campo,
vergando com dança de pés,
quem em queda lhes impedia o andar.

No dia em que eu nasci,
se para mim foi o primeiro,
para outros que não conheci,
e lamento que assim tenha sido,
foi o último no inicio de novo caminho.

Comments

gisela said…
no dia em que nasceste nasceu um poeta um escritor, alguém que brinca com as palavras a sua maneira e lhes da uma outra dimensao. parabens gostei muito do poema

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mata-se.. A sede bebendo. A fome comendo. A ignorância vivendo. A vida temendo. O amor querendo. A solidão existindo. um Homem isolando. A fé desligando. E as palavras quando morrem?

Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Pátria

O que nos une são apenas linhas, e uma língua que não morre, neste povo mais velho que a terra, Que Existe vai para além de Deus. O que nos une, não encontra definição, saudoso vai e vem das marés distantes. letargia de acreditar sem saber o porquê, ou remota crença de olhar e ver no nevoeiro. Aquela, esta pátria ainda não o é, está à espera de o ser, no ventre da mãe, mordendo a memória das palavras alimentando-se de páginas navegadas de pó. Não viveremos as horas suficientes de uma vida para ver arrancadas do peito as balas disparada contras os pés que conscientemente se alojaram na ideia de nação.