Skip to main content

Cigarro ao Sol

Deixa-me enrolar a onda
numa mortalha de um cigarro.
Mas eu não fumo,
nunca fumei sal ou praia,
mas creio-me onda,
e isco para peixe,
ou espuma para areia,
em cada onda que rebenta,
nos pés que se afundam,
na ponta escura da praia,
onde as gaivotas se escondem
para namorar com as dunas.

Enche-me a vista com um copo
do creme solar que nos lambe.
Tenho tanta sede que cego,
na superficie do teu corpo,
como se pisasse um deserto de pele,
ou construisse um jardim de sufoco.
Que falta de ar sedenta,
que nem a água extingue,
nem o oxigénio incendeia.
Põe-me à sombra senão morro,
ou melhor,põem ao sol para que
volte a nascer do fogo
porque as cinzas já as depositei
no mar, e esse...
fumei-o no meu cigarro.

Comments

Anonymous said…
Pudessem as palavras espraiar a espuma que a mente, neste vaivém de pensar-se no ser e no não ser de tudo, condicionam a própria condição humana...

Necessitamos assistir dentro de nós ao nascimento de uma humanidade que nos supere, algo ou alguma coisa que nos obrigue a evitar que outro ser vivo seja maltratado, mesmo que entre ele e nós existam milhões de galáxias de permeio...

Parabéns Amigo, continue a escrever... A sua escrita além de bela, revela uma profundidade pouco comum...

Barão de Campos

Popular posts from this blog

Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Quando morrem?

mata-se.. A sede bebendo. A fome comendo. A ignorância vivendo. A vida temendo. O amor querendo. A solidão existindo. um Homem isolando. A fé desligando. E as palavras quando morrem?

Pátria

O que nos une são apenas linhas, e uma língua que não morre, neste povo mais velho que a terra, Que Existe vai para além de Deus. O que nos une, não encontra definição, saudoso vai e vem das marés distantes. letargia de acreditar sem saber o porquê, ou remota crença de olhar e ver no nevoeiro. Aquela, esta pátria ainda não o é, está à espera de o ser, no ventre da mãe, mordendo a memória das palavras alimentando-se de páginas navegadas de pó. Não viveremos as horas suficientes de uma vida para ver arrancadas do peito as balas disparada contras os pés que conscientemente se alojaram na ideia de nação.