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Voz de papel

Quantas vozes vossas trago debaixo do braço
Como jornal amarrotado, dobrado incessantemente?
Esmola e pão escasseiam em meus braços
e apenas inquietação escorre das minhas mãos.

Pesam-me tanto que vos trago de rastos,
pelo chão, a rastejarem pelo fosso do pensamento,
purgatório de vidas vitímas de fraude,
vitimas e culpadas de crimes destinados.

Aqueçam-se em meus pêlos arrepiados,
em pele tingida das letras impressas,
mas não procurem lenha para se queimarem,
ou fogo para vossos corpos cremarem.

Subam por mim acima, como montanha escarpada,
como gato amedrontado foge do cão,
ao cimo de telhado inclinado que o atira de lá
para o meio da rua, estendido no chão.

Se abrir os meus braços, vossa voz cairá
no vazio dos olhos quotidianos que vos ignoram
sentados no vão de escada, em parede muda
em vida que morre, e morte sempre oculta.

Comments

gisela said…
este poema é muito bom! a serio, esta fantastico, 5 estrelas. parabens

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Quando morrem?

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