Skip to main content

Folha em Branco

A folha onde mais escrevi
É talvez de papel,
Ou parede pintada de fresco
Que permanece em branco.

A sua cor lembra-me
Uma grinalda de noiva
Imaculadamente clara,
Claramente pura.

Pálida como pele sem sol
Gelo sempre à sombra,
Granizo que derrete
Com o calor da tinta.

Branco é a cor das asas
Das gaivotas silenciosas
Que mergulham do céu
Directamente para o mar.

Branco é o mármore dos dentes
E o azulejo dos olhos tímidos
Que se protegem
Na escuridão das pestanas.

Branca é a folha
É o papel, e a parede
Segundo parece pintada de fresco
Que escrevo na minha memória.

Comments

Popular posts from this blog

Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Quando morrem?

mata-se.. A sede bebendo. A fome comendo. A ignorância vivendo. A vida temendo. O amor querendo. A solidão existindo. um Homem isolando. A fé desligando. E as palavras quando morrem?

Pátria

O que nos une são apenas linhas, e uma língua que não morre, neste povo mais velho que a terra, Que Existe vai para além de Deus. O que nos une, não encontra definição, saudoso vai e vem das marés distantes. letargia de acreditar sem saber o porquê, ou remota crença de olhar e ver no nevoeiro. Aquela, esta pátria ainda não o é, está à espera de o ser, no ventre da mãe, mordendo a memória das palavras alimentando-se de páginas navegadas de pó. Não viveremos as horas suficientes de uma vida para ver arrancadas do peito as balas disparada contras os pés que conscientemente se alojaram na ideia de nação.