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Terra Quente de Sufocar

Mesmo que hoje não corrêssemos,
ou ficássemos sentados
a digerir os instantes num copo de café,
em nós cairiam gotas de suor quentes
transvestidas em roupas de chuva,
oferecendo seus lábios quentes molhados
em troca de uma estrada abrasiva
onde pudessem evaporar.

O céu é agora uma cidade,
é um prédio cheio de pessoas
a acenderem e apagarem suas luzes,
é o som de passos distanciados
que convidam as finas paredes de algodão
para dançar ao ritmo da chuva que cai.

Cheira a terra sufocada,
como se tivéssemos as mãos no pescoço,
como se as nuvens do céu,
fossem panos a tapar-nos a boca
e o ar respirável fosse apenas
humidade temporária e prestes a voar.

Quando um dia me deitar no chão,
espero que a terra cheire como hoje,
que use exactamente o mesmo perfume.

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