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Viagem

De ti agora quero silêncio,
E escutar os carris velhos,
A avançar pela cidade
Até sermos engolidos pelos carros.

Digo-te, que este comboio é velho
Porque já existia antes de nos amarmos,
E por isso morrerá antes da nossa vez chegar,
No fim da linha bem mais fina que esta.

Dizes-me, "esta viagem é bem mais curta",
Mas não te pedi restrições
Aos sonhos de transmutar rodar em penas,
E fugirmos daqui à velocidade do vapor.

Não me evoques sentenças executadas,
Juras de amor nunca quebradas,
Viagens ao centro da terra,
Ao interior da selva de nós.

Estamos quase a chegar,
Esta ausência de som que quero,
É impossível de calar,
Inevitavelmente da pele sai-me o falar.

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Escrevo

Escrevo  porque não sei dizê-lo de outra maneira, porque acredito no belo e que as minhas palavras saem de mim em salto alto prontas para dançar, para em encherem o copo seduzirem, atirando frases feitas para a cama. até que nú... escrevem-se a elas prórpias no que não sei expressar sem ser com letras... E digo que escrevo e espero que me cresçam uns lábios carnudos no peito e seja saliva o que corre no coração. escrevo até ao dia em que já fale.

Um tronco da árvore Genealogica

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Azul Sincero

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