Quantas vozes vossas trago debaixo do braço Como jornal amarrotado, dobrado incessantemente? Esmola e pão escasseiam em meus braços e apenas inquietação escorre das minhas mãos. Pesam-me tanto que vos trago de rastos, pelo chão, a rastejarem pelo fosso do pensamento, purgatório de vidas vitímas de fraude, vitimas e culpadas de crimes destinados. Aqueçam-se em meus pêlos arrepiados, em pele tingida das letras impressas, mas não procurem lenha para se queimarem, ou fogo para vossos corpos cremarem. Subam por mim acima, como montanha escarpada, como gato amedrontado foge do cão, ao cimo de telhado inclinado que o atira de lá para o meio da rua, estendido no chão. Se abrir os meus braços, vossa voz cairá no vazio dos olhos quotidianos que vos ignoram sentados no vão de escada, em parede muda em vida que morre, e morte sempre oculta.
Se minhas mãos fossem uma caneta, jamais secariam.