não fales a verdade,
foge de ti e dos outros.
a verdade é como gelado frio nos dentes,
apetece lamber, mas escorre-nos pela boca,
enquanto levamos um estalo por olharmos
para uma mulher alta, montanha em saltos altos,
escadote directo à estrelas sem cauda,
última folha de árvores de cabelos soltos.
a verdade é descer as escadas
pelo corrimão,
pelo limbo da existência,
pela berma da estrada,
ser comandante em convés de fé,
e abandonar o barco,
apenas quando morrer tudo no que acreditamos.
a verdade é não saberes ler uma única palavra,
e creres que os murmúrios
do outro lado da parede,
não são mais que consoantes perdidas de amor,
vogais dadas à sedução,
e que depois de apagada a luz,
no silêncio entre vírgulas
jamais se conhecerão.
a verdade é sonhar em ter o mar no bolso,
onda após onda em maré alta
puxando-nos as pernas em maré baixa
decalcando-nos nas rochas
as ossadas da erosão ressequidas,
quais conchas de espuma, fosseis sem pérolas,
corpo sem calças onde guardar a verdade.
E nus, é fingir que não vemos,
o que não se vê mesmo,
e guardar na memória o que não sabemos
como objecto amado, meramente platónico,
virgem na nossa cegueira infantil.
A verdade, não a tem quem a compra,
não é mulher da rua, não é amante nocturna,
não tem seios de louvor, nem leito para todos,
mas dorme em qualquer cama, deita-se em qualquer chão,
mas só deixa entrar nela, quem realmente a ama.
a verdade não a digas,
deixa-a só para mim...
foge de ti e dos outros.
a verdade é como gelado frio nos dentes,
apetece lamber, mas escorre-nos pela boca,
enquanto levamos um estalo por olharmos
para uma mulher alta, montanha em saltos altos,
escadote directo à estrelas sem cauda,
última folha de árvores de cabelos soltos.
a verdade é descer as escadas
pelo corrimão,
pelo limbo da existência,
pela berma da estrada,
ser comandante em convés de fé,
e abandonar o barco,
apenas quando morrer tudo no que acreditamos.
a verdade é não saberes ler uma única palavra,
e creres que os murmúrios
do outro lado da parede,
não são mais que consoantes perdidas de amor,
vogais dadas à sedução,
e que depois de apagada a luz,
no silêncio entre vírgulas
jamais se conhecerão.
a verdade é sonhar em ter o mar no bolso,
onda após onda em maré alta
puxando-nos as pernas em maré baixa
decalcando-nos nas rochas
as ossadas da erosão ressequidas,
quais conchas de espuma, fosseis sem pérolas,
corpo sem calças onde guardar a verdade.
E nus, é fingir que não vemos,
o que não se vê mesmo,
e guardar na memória o que não sabemos
como objecto amado, meramente platónico,
virgem na nossa cegueira infantil.
A verdade, não a tem quem a compra,
não é mulher da rua, não é amante nocturna,
não tem seios de louvor, nem leito para todos,
mas dorme em qualquer cama, deita-se em qualquer chão,
mas só deixa entrar nela, quem realmente a ama.
a verdade não a digas,
deixa-a só para mim...
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