Dobro as palavras sempre na gaveta de cima.
por ordem alfabética,
para de manhã não perder tempo
a escolher o que vou dizer nesse dia.
As palavras vestem-se sem esforço,
e uso-as por fora da boca, marginais,
evitando que se sintam amordaçadas
no cinto apertado dos dentes.
Nas ruas de hoje, pessoas passeiam-se
com palavras um número abaixo do seu corpo,
apertadas, asfixiadas, robóticas,
tentando planar sem rasgar o tecido das frases.
E essas revestem-se cada vez de menos tecido,
Expondo em demasia as fraquezas do corpo,
sofrendo o desbaste de nocturnas florestas ocas,
negras como madeira podre, queimadas em cinzas.
E pior que não haver palavras em árvores,
é só haverem as mesmas árvores,
o mesmo oxigénio rarefeito salivado,
a monotonia mental do vento que bate constante.
Imagino o dia em que andaremos nus de palavras,
pelo menos daquelas que nos soam mal,
que são botões maiores que as casas,
e que não cabem dentro de nós.
por ordem alfabética,
para de manhã não perder tempo
a escolher o que vou dizer nesse dia.
As palavras vestem-se sem esforço,
e uso-as por fora da boca, marginais,
evitando que se sintam amordaçadas
no cinto apertado dos dentes.
Nas ruas de hoje, pessoas passeiam-se
com palavras um número abaixo do seu corpo,
apertadas, asfixiadas, robóticas,
tentando planar sem rasgar o tecido das frases.
E essas revestem-se cada vez de menos tecido,
Expondo em demasia as fraquezas do corpo,
sofrendo o desbaste de nocturnas florestas ocas,
negras como madeira podre, queimadas em cinzas.
E pior que não haver palavras em árvores,
é só haverem as mesmas árvores,
o mesmo oxigénio rarefeito salivado,
a monotonia mental do vento que bate constante.
Imagino o dia em que andaremos nus de palavras,
pelo menos daquelas que nos soam mal,
que são botões maiores que as casas,
e que não cabem dentro de nós.
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